Veja as datas importantes no âmbito da Academia Catarinense de Letras em agosto de 2022.

Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.

DIA 3 – 130 anos do nascimento, na capital catarinense, do professor e escritor OTHON DA GAMA LOBO D´EÇA, Fundador da Cadeira 15 da ACL. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais no Rio de Janeiro, foi Catedrático da Faculdade de Direito de Santa Catarina. A sua presença foi marcante na vida literária de Florianópolis, inclusive na fundação da Academia Catarinense de Letras, entidade que presidiu de 1947 a 1965. Entre os anos de 1933 e 1938 participou do movimento político que envolveu intelectuais do todo o País, a Ação Integralista Brasileira, liderada por Plinio Salgado. Nesse período fundou e dirigiu o jornal Flama Verde. Foi autor dos livros: Cinza e Bruma (1918); Vindita Braba (1923); Aos Espanhóis Confinantes (1929); Homens e Algas (1957) e Nuestra Señora de L`Asunción (1953), narrativa de viagem à capital do Paraguai, de onde retiramos este excerto: Há neste Hotel Palácio, como num zoo de jeito novo, uma fauna humana classificada, brunida e mansa. À hora do almoço ou do jantar reúne-se ela no comedor, de paletó saco e colarinho mole: e é quando, então, se mostra a sua humanidade simples e natural, mastigando ou bebendo em torno às mesas atulhadas. […] Vê-se de tudo neste velho Palácio de Venâncio Lopes, como num jardim de plantas: matronas pesadas, vastas e lisas como hipopótamos; cavalheiros delgados, de olhos sagazes e amarelos como as gemas; e raparigas magras, de longos pescoços e cabelos curtos, em bicos sobre a testa, e que fazem pensar em coisas ariscas, ligeiras e frágeis. […] Entre duas janelas, um pouco ao fundo, fica a mesa do velho com cara de plantador de fumo ou dono de granja. É o tipo tradicional do inglês, como na estampa alegre do negociante que não vendia fiado! Gordo, rubicundo, confortado… In: D´EÇA, Othon. Nuestra Señora de L`Asunción. Florianópolis, FCC: Fundação Banco do Brasil: Editora da UFSC, 1992.

DIA 15 – 25 anos da morte, aos 103 anos de idade, em Joinville, do advogado, jornalista, político e escritor CARLOS GOMES DE OLIVEIRA, terceiro ocupante da Cadeira 8 da ACL. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, foi Deputado Estadual, Federal e Senador da República. Secretariou e presidiu a Câmara Alta e, neste exercício, em 31 de janeiro de 1955 deu posse ao presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira. Foi autor de livros e ensaios, entre os quais figuram: Sociedades Irregulares (1924); Nacionalização do Ensino (1935); Intervenção do Estado na Economia (1947); Integração: Estudos Sociais e Históricos: Joinville (1984). Participou da obra As Constituições do Estado” (1984) com o ensaio Memória Política, sobre a tramitação e aprovação da Constituição Estadual de 1928. No capítulo “Religião e Idioma” do livro Integração, diz: A nacionalidade se integra pela cultura de cada povo, e duas foram as expressões maiores da sua cultura – a religião e o idioma que o português levou ao mundo por ele descoberto… […] É certo que fatores políticos e econômicos influíram, igualmente, para essa integração. […] Mas, os núcleos de população de que se irradiou o povoamento permaneceriam estanques, num país de imensidão territorial como o nosso, sem estradas ou outra qualquer via de comunicação que desse coesão à vida nascente do país, para que se criasse a unidade nacional. […] Então, era preciso, mais, elementos criadores do liame da nacionalidade que só se integra por um sentimento amplo e único – a consciência de um povo. E esse liame que desse continuidade a um sentimento em formação, não estaria só nos fatores econômicos e políticos, pois deveria falar ao espírito de cada homem para dar-lhe a convicção de que pertencia a um povo só, formado nação. O idioma era, sem dúvida, fator marcante nesse sentido. E aqui, a língua portuguesa era meio de comunicação verbal em uso. Ainda que, em certo momento, o guarani tivesse o seu domínio. In: OLIVEIRA, Carlos Gomes de. INTEGRAÇÃO: Estudos Sociais e Históricos: Joinville. Florianópolis: Gráfica Canarinho, 1984.

DIA 27 – 110 anos do nascimento, em Florianópolis, do professor, juiz e filósofo HENRIQUE STODIECK, segundo ocupante da Cadeira 11 da ACL. Formado em Direito, iniciou o curso em São Paulo e o concluiu no Rio de Janeiro em 1937. No ano de 1945, nos Estados Unidos, cursou sociologia na Universidade de Chicago. No Colégio Dias Velho, atual Instituto Estadual de Educação de Florianópolis, lecionou Sociologia e Filosofia da Educação. Em 1942, aprovado em concurso, tornou-se professor da Faculdade de Direito de Santa Catarina. Além do magistério foi Juiz da Justiça do Trabalho, atuando na Junta de Conciliação e Julgamento em Santa Catarina e, como titular, no Tribunal da Justiça do Trabalho da 4ª Região em Porto Alegre. A produção intelectual de Henrique Stodieck está publicada em revistas de Direito, de Sociologia, em Anais de Congressos e Reuniões Científicas e no livro Bergson e outros temas. No artigo “Bergson e a Sociologia” analisou o pensamento do filósofo francês Henri Bergson (Nobel de Literatura em 1927) no âmbito da Arte, da Moral e da Religião. Sobre o último aspecto, concluiu: É de forma religiosa que se deve procurar superar a contradição existente entre a liberdade e a igualdade, que, sem isso, não poderiam ser realizadas simultaneamente, visto que, todos sendo livres, os mais fortes subjugariam os mais fracos, estabelecendo a desigualdade. Mas, através da fraternidade da religião, fraternidade evangélica que deve estar acima da liberdade e da igualdade, é que se pode realizar a democracia, que, em última análise, constitui ou deverá constituir sociedade aberta para todos: fortes e fracos. Dessa forma, por intermédio da fraternidade, será possível superar a contradição entre a igualdade e a liberdade. In: STODIECK, Henrique. Bergson e outros temas. Florianópolis: Editora Roteiro, 1966.