João José Leal ingressou na Academia em outubro de 2018. Nascido em Tijucas-SC, é bacharel em Direito pela UFSC, mestre pela Universidade Livre de Bruxelas e livre docente pela UGF/RJ. É promotor de Justiça/MPSC e professor universitário aposentado.

… Logo a notícia se espalhou como um rastro de pólvora. Um aeroplano – coisa que ninguém jamais havia visto e muitos não acreditavam existir – como é que um troço mais pesado que o ar, pode voar? – havia caído em terras tijucanas … Locatelli – A Queda do Avião.

… O boleeiro não viajava só. Guardião da valiosa mercadoria artesanal, o fiel cão de jornadas sem fim, seguia a caravana de um só carro e de um solitário condutor. Vira-lata sem raça e sem certificado de nascimento, tinha nome de cachorro de pobre. Se não era Corisco, devia ser Corvina ou Manjuva. Mas, tinha a esperteza necessária para acompanhar o andar da carruagem. … A Carroça de Panelas.

… Quantas madrugadas chuvosas e frias de tremer – às vezes de carroça ou carro de mola, quase nunca de automóvel que era coisa rara e, por isso, quase sempre a pé – com o vento terral soprando das bandas do rio Tijucas, aquelas obstetras sem diploma, não devem ter sido retiradas do aconchego do seu leito por pais assustados e angustiados? A qualquer hora do dia e da noite, sempre estiveram prontas para exercer a nobre missão de assistir mães aos gritos pela dor do parto e dar-lhes a preciosa assistência, no mágico momento do primeiro impulso para a vida. As Parteiras de Minha Terra.

… Riscar um fósforo para acender um Continental, preferência nacional, um Hollywood, preferência dos galãs do cinema, (…) era uma grave infração ao dever cívico de manter o apagão externo, logo reprimida pelo pelotão da salvação nacional. Os soldados das trevas batiam, também, às portas das casas para advertir seus assustados moradores que era preciso cerrar as janelas, aprisionar a tênue luz interior e evitar o risco fatal de uma pista inflamada ao inimigo. Segunda Guerra e os Pelotões das Trevas.

…. um outono de doença, morte e tristeza, um tempo de humanidade assustada e enclausurada. Um tempo para não esquecer jamais. Tudo por causa de uma nova espécie de vírus surgido na China, que assumiu a forma de uma nova gripe, a Covid-19. (…) Estranha coincidência ou aviso sobrenatural, na lente poderosa do microscópio, o vírus tem a forma de uma coroa. Talvez, por isso, se sinta um soberano cheio de poder sem limite. O fato é que, sentado no seu trono de maldade, esse invisível soberano das profundezas das trevas conseguiu implantar um reino de terror e morte sobre seus desvalidos súditos humanos … A Peste que Veio de Longe.

… Poucas cidades conseguiram o prodígio de construir um aglomerado urbano, compacta selva de concreto armado, maior densidade demográfica e de área construída do Estado, abrigo permanente de mais de 140 mil empoleirados habitantes, mais as centenas de milhares de veranistas de arribação. Tudo isso, em apenas 50 anos de autonomia política e administrativa. Tão pouco tempo, não deixa de ser um fenômeno urbanístico extraordinário. Balneário Camboriú, 50 Anos.

… A cada bateria de luminosidade nos ares, gritos de alegria e vivas, exclamações de puro êxtase e aplausos proferidos por turistas, veranistas e nativos maravilhados, encantados, seduzidos pelo poder mágico das luzes brilhando nas alturas, rasgos de chamas multicoloridas capazes de acender no coração daquele exército de estranhos – gente de condição social e de lugares tão diferentes, ali reunidos no primeiro momento de um novo ano – a esperança de um novo tempo de felicidade. (…) Talvez, somente os chineses, eles que descobriram a pólvora e foram os primeiros a utilizá-la para colorir os céus com essas luzes do artifício humano, saibam explicar o encantamento e o fascínio causados pelos fogos de artifício… Fogos da Ilusão.

Acadêmico João José Leal

Ingressou na Academia em outubro de 2018. Nasceu em Tijucas, SC, onde concluiu o curso primário. Bacharel em Direito pela UFSC. Mestre pela Universidade de Livre de Bruxelas e Livre Docente-Doutor – UGF/RJ. Promotor de Justiça/MPSC e Professor universitário, Furb/Univali/Unifebe aposentado. Ingressou na Academia em outubro de 2018.

Publicações:

Há mais de 30 anos, escreve crônicas semanais para o jornal impresso “O Município”, de Brusque e de outras cidades catarinenses.

Páginas de uma Cidade – Crônicas. Brusque: Edição do Autor, 2012.

Estórias de uma Cidade – Crônicas Tijucanas. Blumenau: Nova Letra, 2015.

Cinco Tempos. Crônicas. Florianópolis: Editora Secco, 2021. Também publicado na versão eletrônica, pelo Clube de Autores.

Na área das ciências criminais, publicou:

Curso de Direito Penal, Sérgio Fabris Editor, Porto Alegre, 1991, 576 pp.

Crimes Hediondos, aspectos político-jurídicos da Lei n. 8072/90, São Paulo: Atlas, 1996, 152 pp.

Direito Penal Geral. São Paulo: Atlas, 1998, 480 pp.

Crimes Hediondos. A Lei 8.072/90 como Expressão do Direito Penal da Severidade. Curitiba: Juruá, 2003, 320 p.

Direito Penal Geral. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2004, 620 p.

Controle Penal das Drogas – Estudo dos Crimes Descritos na Lei 11.343/06, em autoria com Rodrigo José Leal. Curitiba: Juruá, 2010.

Publicou mais de uma centena de artigos em matéria penal nas revistas especializadas de nosso país.