Veja as datas importantes no âmbito da Academia Catarinense de Letras no mês de setembro.

ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS.

Efemérides e Registros

OUTUBRO – 2021

Dia 5 – 105 anos da morte, em São Francisco do Sul, do professor e dramaturgo JOAQUIM ANTÔNIO DE SÃO THIAGO, Patrono da Cadeira 19 da Academia Catarinense de Letras. Entre as suas obras figura a peça VICENTINA, de onde retiramos esta fala da personagem central: Nasci trazendo impresso na fronte o selo da orfandade! Nunca na minha face rosou um beijo perfumado de mãe, nem minha cabeça se reclinou no colo maternal, sentindo as carícias deste ser angélico! Quando os meus olhos abriram-se à luz desta vida, os dela cerraram-se para sempre; o meu primeiro gemido não encontrou eco nesse coração, fonte preciosa de ternura e de afetos […]. E, no entanto, sou rica e nobre! Ah! Mas de que me serve esta riqueza, toda essa nobreza, se me é vedado fruir as delícias do mais santo amor, a opulência única desse sentimento que é a felicidade e a glória?! In: São Thiago, Joaquim Antônio de. TEATRO COMPLETO. org. Lauro Junkes. Florianópolis: Academia Catarinense de Letras, 2009 –Coleção ACL n. 41.

Dia 6 – 120 anos da morte, em Florianópolis, do médico, escritor e político DUARTE PARANHOS SCHUTEL, Patrono da Cadeira 7 da Academia Catarinense de Letras. Em 12 de setembro de 1900, ele anotou em suas memórias: A antiga Província de Santa Catarina com os seus limites ao norte o rio Negro e o Iguaçu, ao oeste com a República Argentina pelas Missões e ao sul pelo Mampituba tem bastante terreno e estaria em condição topográfica de constituir uma Suíça Brasileira. / E nem pareça que sua posição marítima fosse um obstáculo a essa ideia; com efeito a grande extensão de suas costas, suas ilhas, e seus portos, mais favoreceriam um tal futuro. In: A REPÚBLICA VISTA DO MEU CANTO – Manuscritos – Arquivo do IHGSC.

Dia 12 – 190 anos do nascimento, na cidade de Desterro, do advogado, magistrado e político MANOEL DA SILVA MAFRA, Patrono da Cadeira 33 da Academia Catarinense de Letras. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo, exerceu a magistratura em Santa Catarina e no Paraná. Foi deputado provincial, deputado geral e presidiu a Província do Espírito Santo. Ministro da Justiça, no Gabinete Martinho de Campos, sendo titulado Conselheiro do Império. No período republicano foi constituído, pelo Governo de Hercílio Luz, defensor dos direitos do Estado de Santa Catarina na questão dos limites com o Paraná. Sua ação judicial foi vitoriosa em três julgamentos pela Suprema Corte, decisão não acatada pela parte vencida, transformando-se em caso político, conduzido ao arbitramento da Presidência da República e, consequente, acordo entre os Estados litigantes, em prejuízo à causa catarinense. Todo o embasamento da defesa do Conselheiro Mafra está reunido em obra que se tornou um clássico da nossa historiografia: a EXPOSIÇÂO HISTÓRICO-JURÍDICA POR PARTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA NA QUESTÃO DOS LIMITES COM O ESTADO DO PARANÁ. Em sua homenagem denomina-se MAFRA município situado no norte catarinense. Lei estadual n. 317, de 30 de dezembro de 2005, instituiu a Medalha “Conselheiro Mafra”, outorgada a quem prestar relevante serviço ao Estado na área jurídica. O Instituto dos Advogados de Santa Catarina confere a Comenda “Conselheiro Mafra” a personalidade da advogacia que contribuir para a valorização da profissão. Referência Bibliográfica: Exposição Histórico-Jurídica por parte do Estado de Santa Catarina sobre a questão dos limites com o Estado de Paraná submetida, pelo acordo de ambos os estados, à decisão arbitral pelo advogado conselheiro Manoel de Silva Mafra. Ed. Fac-similar – Florianópolis: IOESC, 2002, 716 p. v. 4 – Coleção Catariniana, IHGSC.

Dia 19 – 38 anos do falecimento, em Florianópolis, do professor, jornalista e ensaísta ALTINO CONSINO DA SILVA FLORES, Fundador da Cadeira 23 da Academia Catarinense de Letras. Precursor, com Othon da Gama Lobo D´Eça, da criação de uma entidade de literatos em Santa Catarina, Altino Flores revelou: Quando atacado de comichões literárias, lá pelas alturas dos nossos 18 ou 20 anos, começávamos a rabiscar para os nossos próprios jornaizinhos, cuja impressão nós mesmos nos cotizávamos para pagar, escreveu Baby [tratamento familiar dado a Gama D’Eça] esta frase de tão delicado ineditismo na abertura de uma página impressionista: “dia crepuscular de inverno”… Uma gazetinha galhofeira chamada “A Thezoura” (com th) meteu a riso a frase observando que não há “dias crepusculares”, visto que o “crepúsculo” é apenas uma fase de transição (matinal ou vespertina) do dia; podia dizer-se: “hora” crepuscular, “luz” crepuscular, etc.; mas nunca “dia” crepuscular. / O Baby não teve que responder; nem ninguém, igualmente achou, na ocasião, resposta nenhuma, apesar de “sentirmos” que a frase era bela, de uma beleza palpitante de melancolia. In: SIGNO – Revista da ACL n. 1. Florianópolis, janeiro 1968.

Dia 27 – 10 anos da posse do escritor OLDEMAR OLSEN JÚNIOR, Titular da Cadeira 11 da Academia Catarinense de Letras, recepcionado pelo Acadêmico ARTÊMIO ZANON, titular da Cadeira 37. No discurso de posse Olsen Jr. asseverou: Está aí, então, uma das grandes tarefas do escritor: devolver às palavras o seu verdadeiro significado e não capitular ao colonialismo estrangeiro. Ter a consciência disso já é um bom começo. O idioma deveria ser a última trincheira a sucumbir a esta indigência mental. In: REVISTA DA ACL n. 26, Florianópolis, 2011-2012.

Dia 30 – 101 ANOS DE FUNDAÇÃO DA ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS.

Dia 31 – 20 anos da posse do pintor, poeta e contista RODRIGO ANTÔNIO DE HARO, terceiro ocupante da Cadeira 35 da Academia Catarinense de Letras ACL, recepcionado pelo Acadêmico EDSON NELSON UBALDO, terceiro ocupante da Cadeira 12. Em 1992, publicou MISTÉRIO DE SANTA CATARINA, com a referência: Notícia em prosa e verso sobre a vida desta princesa da Turquia e do Egito, santa, sábia e padroeira, seguida de uma apologia, vinte e dois poemas e ilustrações por Rodrigo de Haro. Voo com os Anjos é um destes poemas: São três anjos de manhã. – Vermelho, azul e branco pela montanha. (Cores do silêncio e da aurora). / São três anjos sentados junto da coluna caiada com seus dedos coloridos (como silêncio na aurora). São três anjos num só, são três anjos no deserto: – vermelho, branco e azul. (Com tranças amarradas). / São três anjos de manhã pelo silêncio da aurora. Catarina vai com eles pelos ares muito leves, azuis, brancos, vermelhos no frio da aurora. In: MISTÉRIO DE SANTA CATARINA OU LIVRO DOS EMBLEMAS DE ALEXANDRIA. Editora Athanor, Florianópolis, 1992.