Veja as datas importantes no âmbito da Academia Catarinense de Letras em novembro de 2022. 

Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30. 

DIA 11 – Um ano da posse do Escritor ANDRÉ GHIGGI CAETANO DA SILVA, quarto ocupante da Cadeira 12 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico GILBERTO CALLADO DE OLIVEIRA, Titular da Cadeira 39 da ACL. Promotor de Justiça, com atuação em várias Comarcas do estado de Santa Catarina, é romancista e teve o seu livro de estreia O Bosque da Invernada dos Fundos, pela Editora Danúbio, escolhido para o Prêmio Catarinense de Literatura de 2021 na categoria Romance. Esta premiação é promovida pela Academia Catarinense de Letras anualmente. Em 2022 André Ghiggi publicou um novo livro intitulado As Belas Gralhas de Anklam do Sul, com selo da Dois Por Quatro Editora, de Florianópolis. Na revista literária Esmeril, de São Paulo, a editora Bruna Torlay noticiou e comentou: Há pouco mais de um ano a primeira obra de André Ghiggi Caetano da Silva, que mescla bem-sucedida aventura, suspense, tragédia e sátira sob a moldura de um romance histórico regional, obteve reconhecimento da Academia Catarinense de Letras e levou o prêmio de melhor romance do ano. […] O protagonista se exprime no português matizado de italiano próprio à população local; o linguajar dos peões da fazenda é fiel; os cenários, incrivelmente bem recompostos (não é preciso ter estado nos campos presentes ao romance para ter a vívida impressão de os ter visto de perto), o padreco de adidas, ligado à então incipiente teologia da libertação, reza a pseudomissa e pronuncia a homilia (desfigurada em slogans de sindicato) com a suprema mediocridade dos desígnios cujo modo de vida não tem nada de autenticamente religioso. In: ESMERIL, Revista Mensal de Literatura, São Paulo, julho de 2021.

DIA 16 – Um ano da posse da Escritora KÁTIA REBELLO, quinta ocupante da Cadeira 7 da ACL, recepcionada pelo Acadêmico ARTÊMIO ZANON, Titular da Cadeira 36 da ACL. Formada em Biblioteconomia, é autora de romances policiais, entre eles O Silêncio do Olhar, Por Falar em Fantasmas, Olhos de Vidro, A Realidade e Ficção e E Se Eu Contar a Verdade?, onde a narradora e personagem conta: Entrei no minimercado e escolhi algumas laranjas. De quantas eu necessitava para pensar em tudo o que deveria fazer com as novas descobertas? Sete? Oito? Coloquei-as no saco de papel disponível para os clientes. Paguei no caixa e voltei pela calçada. Havia caminhado uma quadra quando o saco de papel pardo rasgou e algumas laranjas caíram antes que eu conseguisse segurar. Rolaram pela calçada. Abaixei para juntar quando um menino se prontificou a me ajudar. Pegou duas e me entregou, mas elas escorregaram e caíram novamente. Rimos. Ele as apanhou e levou quatro nos braços. In: REBELLO, Kátia. E Se Eu Contar a Verdade?, Florianópolis: Editora Papa-Livro, 2020.

DIA 25 – Um ano da posse da Poeta MARIA TEREZA FIUZA LIMA MASCARENHAS PASSOS, sexta ocupante da Cadeira 25 da ACL, recepcionada pela Acadêmica LÉLIA PEREIRA DA SILVA NUNES, Titular da Cadeira 26 da ACL. Teca Mascarenhas, como assina e é conhecida, é Professora e Mestre em Pedagogia do Ensino Superior. Finalista do prêmio Jabuti 2020. O seu livro mais recente é Néctar, Morcegos & Beija-Flores; publicou, entre outros, Meu Singular é Plural e Nem Parece que é Avesso, de onde retiramos estes versos: MUITO CEDO PERDI O PAI / desde então não parei de perder / perdi minhas asas de anjo / uma casa de bonecas / um jardim florido / o cão que nunca tive / e uma bicicleta vermelha // perdi minha madrinha / meus longos cabelos loiros / um concurso de beleza infantil / o uniforme escolar / meus sapatos de verniz / e perdi um colégio inteiro // perdi os brincos de pérolas de minha mãe / as aulas de piano / minha máquina fotográfica / o primeiro namorado / seu retrato / a minha fantasia de melindrosa // perdi as amigas de minha rua / o baile de debutantes / minha festa de quinze anos, / o vestido branco de tule e fitas / a missa de domingo / perdi meu primeiro beijo / perdi meu diário / o álbum com meus poemas / o disco dos Beatles/ as amígdalas / o apendicite / os dentes de siso / perdi uma caneta Parker 51/ o discurso de formatura / e Petite fleur antes das sessões de cinema / perdi o cinema // a varanda amarela / a paisagem / perdi toda minha cidade // – mas ainda guardo o brilho do olhar / e a centelha dos mais improváveis sonhos. In: MASCARENHAS, Teca. Nem Parece que é Avesso. Florianópolis: Dois Por Quatro, 2020.

DIA 30 – Um ano da posse do Escritor UMBERTO GRILLO, quinto ocupante da Cadeira 22 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico SALOMÃO ANTONIO RIBAS JUNIOR, Titular da Cadeira 38 da ACL. Professor de Direito e Desembargador aposentado do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região-SC, é autor de Alterações do Contrato de Trabalho, A Tempo e a Galope (crônicas) e Viagem Interrompida. Em 2018 Umberto Grillo publicou Os Múltiplos Talentos de Othon Gama D’Eça, onde revive aspectos invulgares da biografia do grande nome das nossas letras, como a proximidade do escritor com outro expoente do seu tempo, o pintor Martinho de Haro, narrando: Nas artes, ele tocava piano e compunha música, além de pintar e enxergar novos talentos como o de Martinho de Haro, quando este ainda era um jovem pintor pouco conhecido, nascido em São Joaquim, no planalto catarinense. […] Anos após,em 1940, Martinho de Haro retratou o amigo Othon, onde captou a altivez do modelo, com o olhar distante, como a enxergar o mundo muito além do seu tempo. Aquele foi um momento de encontro de duas figuras singulares e de muitas artes na convergência do complexo pensamento de dois gênios. […] Ambos, cada um em seu campo de atividade, tinham uma percepção própria do mundo que os cercava e, o mais importante, sabiam revelar suas visões e sentimentos através de suas artes: uma pictórica e a outra, narrativa. Seria interessante saber o que passava na cabeça de Martinho de Haro quando ele lia a poesia de Gama D’Eça, tanto quanto saber o que pensava Gama D’Eça diante de uma tela de Martinho de Haro, ao tentar, em silêncio, sintonizar a mensagem do artista ao espectador. Ambos nos mostraram – cada qual através da sua arte – um mundo diferente… In: GRILLO, Umberto. Os Múltiplos Talentos de Othon Gama D’Eça. Florianópolis: Habitus, 2018. p. 37-8.