Veja as datas importantes no âmbito da Academia Catarinense de Letras em dezembro de 2022.

Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30. 

DIA 7 – Um ano da posse do escritor RUDNEY OTTO PFUTZENREUTER, quinto ocupante da Cadeira 4 da ACL, recepcionado pelo Acadêmico Liberato Manoel Pinheiro Neto, titular da Cadeira 24 da ACL. Contador e advogado, é romancista com onze títulos publicados. Seu primeiro livro, Ainda Resta um Sorriso, saiu em 1990. Seguiram-se: O Canto do Inhambu (1991), À Sombra do Altar (1994), Colunas de Verão (1998), Encontros (2000), Flores da Serra (2001), O Casarão da Ilha (2004), Quando a Vida Imita a Flor (2007), O Sol Há de Brilhar (2010), Imbatíveis Corações (2020) e Uma Flor na Janela (2022). Neste último romance, seu personagem principal conta: Até nas conversas triviais Roberto acabava enxertando o tema aos preceitos jurídicos. Nos bate-papos descontraídos com os colegas de aula, era ele o mais escutado, pelo seu rápido enquadramento dos fatos ao teor da lei. Se alguém noticiava um assassinato, Roberto, de imediato, apontava os artigos do Código Penal que incriminavam o delinquente, recitando o texto integral , artigo por artigo. Se outro se referia a alguém com palavras pejorativas, Roberto advertia o ofensor, lembrando a lei punitiva por danos morais. Se um terceiro declarasse que breve se casaria, ele atirava sua visão jocosa, nada otimista: “depois me procure para o divórcio”. E todos riam, admirados, ante a soberba memória do estudante. In: PFUTZENREUTER, Rudney Otto. Uma Flor na Janela. Florianópolis: Editora Papa-Livro, 2022.

DIA 25 – 30 anos do falecimento, em Florianópolis, do Professor e Escritor NEREU CORRÊA DE SOUZA, primeiro titular da Cadeira 40 da ACL e seu Presidente no período de 1965-1969. Foi autor de ensaios sobre literatura, cultura, política catarinense e brasileira. Sua presença foi assídua nos suplementos literários do país no século 20, como no Caderno de Sábado do Correio do Povo, Suplemento Literário Minas Gerais (Imprensa Oficial do Estado), Suplemento Literário do Estado de S. Paulo, e ainda na imprensa de Florianópolis em A Gazeta e O Estado. Nesses espaços ocupou-se de obras e de autores de abrangência nacional, mas também manteve espaço para os coestaduanos em ascensão, como os poetas Marcos Konder Reis e Lindolf Bell e o romancista estreante Ricardo Hoffmann. Entre os livros de autoria de Nereu Corrêa estão: Temas do Nosso Tempo (1953), Democracia, Educação e Liberdade (1965), Cassiano Ricardo – O Prosador e o Poeta (1970), O Canto do Cisne Negro e outros Ensaios (1964), Paulo Setúbal em Santa Catarina (1978), Tapeçaria de Os Sertões e outros Estudos (1978), A Palavra – A Arte da Conversação e a Oratória (1983) e No Tempo da Calça Curta (1988). Este último livro contém narrativas de momentos de sua juventude em Tubarão e nas adjacências por onde palmilhou. Sobre seu torrão natal escreveu: Foi Virgílio Várzea, o escritor catarinense que se notabilizou pelos seus contos e romances marinhistas, que chamou Tubarão de “Cidade Azul”, num dia que estava sem inspiração. O povo gostou, e o apelido ficou. Creio que Virgílio era daltônico, pois a cor predominante em Tubarão é o verde. O verde das suas várzeas, das suas campinas, dos seus prados, das árvores que emolduram a cidade. Tudo ali é verde que te quiero verde, como cantou o Poeta. Não sei porque azul. Só os morros, vistos de longe ao cair da tarde é que se vestem de uma tonalidade azulada. Talvez tenha sido isso que impressionou o autor de Mares e Campos. Tubarão, lembro-me bem, foi sempre uma cidade arborizada. Rara era a casa que não tinha uma árvore. À margem do rio havia um renque de coqueiros. Hoje crescem os arbustos plantados pela Prefeitura e que emprestam uma nota extremamente pitoresca à cidade. Um pouco mais longe nas planícies que contornam Tubarão, veem-se as plantações de milho ou de cana-de-açúcar, a demonstrar que as terras do rio Tubarão são as melhores do Brasil. O rio é um pequeno Nilo. Quando chove e as águas extravasam, elas carreiam quantidade de detritos que se depositam na terra, formando grossas camadas de húmus. “Cidade Azul” é uma metáfora que agradou e deve ser conservada. Pelo menos substitui o nome feio e malsoante que é Tubarão. In: CORRÊA, Nereu. No Tempo da Calça Curta – Florianópolis: Editora Lunardelli, 1988.