Pesquisa e texto do acadêmico JALI MEIRINHO, Cadeira 30.
DIA 6 – 95 anos do falecimento, em Florianópolis, do poeta JUVÊNCIO COSME E DAMIÃO DE ARAÚJO FIGUEIREDO, primeiro titular da Cadeira 7 da ACL. Escrever versos foi constante na sua vida atribulada. Junto da família, em Coqueiros, no continente fronteiro à Ilha de Santa Catarina, foi agricultor, pescador, oleiro e alfaiate. Ali abrigou João da Cruz e Sousa em tempos de iniciação literária. Na imprensa foi tipógrafo e jornalista, primeiro na cidade natal, e depois peregrinou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Itu e Campinas. Exerceu o magistério e foi Promotor Público em Tubarão, Laguna e Tijucas. Alcançou estabilidade ao ser nomeado funcionário do Congresso Representativo do Estado de Santa Catarina, tendo chegado a Diretor da Casa Legislativa. Araújo Figueiredo teve uma breve vida acadêmica; eleito e empossado em março de 1924, faleceu três anos depois, no Hospital de Caridade, sendo sepultado no cemitério em Coqueiros, então integrante do município de São José. Em 1888 publicou MADRIGAIS e em 1904 ASCETÉRIO; após a sua morte surgiram as edições de PRAIAS DA MINHA TERRA, VERSOS ANTIGOS, NOVENAS DE MAIO e FILHOS E NETOS. Por iniciativa da Academia Catarinense de Letras, a obra de Araújo Figueiredo está reunida em dois livros, editados em momentos distintos. Em 1966 saiu POEMAS, impresso na Revista dos Tribunais em São Paulo, comemorativo ao centenário de nascimento do Autor, ocorrido no ano de 1964. Em 2009 o volume 36 da Coleção ACL, com o título PRAIAS DA MINHA TERRA E OUTROS POEMAS, ampliou o conteúdo do livro anterior. Juvêncio de Araújo Figueiredo também é identificado pela sua fé na doutrina espírita e pelos seus poderes mediúnicos, o que, em Florianópolis, reverbera no Centro Espírita “Araújo Figueiredo”; além disso, é denominação de via pública na Capital e de Escola de Educação Básica no município de Urubici. Do livro Praias da Minha Terra retiramos o soneto NA PESCARIA: Tempo de pescaria. A praia do mar-grosso/ É uma concha de prata, à luz suave da tarde/ Que, entre sedas em fogo e áureos veludos, arde…/ E corre pela praia um bizarro alvoroço. // Já retiradas são do amoroso balouço/ As redes dos varais, que o tempo frio encarde/ E ali mais adiante, a lancha Deus te Guarde/ Beija as ondas que, então, formam na costa um poço. // Deitados na alva areia, os rudes pescadores/ Contam, tranquilamente, os seus sonhos de amores,/ E olham de quando em quando, o sinal do vigia. // E, quando no alto do morro o sinal aparece,/ Descem todos ao mar e vão colher a messe/ Que enche as mesas de paz e límpida alegria. In: Figueiredo, Araújo de. POEMAS. Academia Catarinense de Letras, 1966.
DIA 9 – Dez anos da morte, em Florianópolis, da poetisa, escritora, advogada e jornalista SYLVIA AMÉLIA CARNEIRO DA CUNHA, segunda ocupante da Cadeira 26 da ACL e titulada Secretária Perpétua, conforme preceito estatutário. Além de secretária foi vice-presidente e ocupou, interinamente, a presidência da instituição em 1986. Foi autora de: POEMAS DO MEU CAMINHO na Coleção ACL 2; POEMAS NO TEMPO na Edições Sanfona; e de uma obra poética dispersa em antologias, revistas e suplementos literários. Também publicou crônicas, discursos, memórias e notas biográficas, principalmente na Revista da ACL. É autora de GUSTAVO RICHARD – Um Republicano Histórico em Santa Catarina, em edição do Senado Federal de 1995. Neta do biografado na linhagem materna, a poetisa, com percepção ao pensar a história, move o seu texto para além do arquivo documental, e utiliza a memória e as reminiscências familiares para retratar o homem público na intimidade e a vida social e cultural da capital catarinense nos anos iniciais da República. Parte dos seus versos tem a assinatura de Silviamélia, como este REFLETINDO: Maduro está o meu pensamento./ Tem o cheiro doce da fruta/ no ponto de ser colhida./ Toma formas caprichosas./ Ganha força própria./ É rápido como o corisco./ Ninguém poderá detê-lo./ Luta e sobrevive neste mundo brutificado,/ robotizado,/ de bebês de provetas,/ de mães de aluguel,/ de corações artificiais,/ de bombas de elétrons,/ de computadores exatos/ e frios como a morte! In: Silviamélia. POEMAS NO TEMPO. Edições Sanfona, Florianópolis, 1985.